quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Colorimetria


           O profissional cabeleireiro que almeja o sucesso e não sabe, ou não gosta, de colorir cabelos deveria repensar esse conceito, pois a arte de colorir cabelos vem ganhando cada vez mais adeptos. Basta observar as pessoas na rua para comprovar a evolução desse trabalho. Nas grandes capitais do país são poucas as mulheres que não têm os cabelos coloridos.

            Por tudo isso, hoje, um cabeleireiro exemplar é aquele que está sempre se aperfeiçoando, destinando parte de seu tempo a cursos e literatura referentes ao seu trabalho e, principalmente, a treinamentos específicos, dentre eles a colorimetria, que muitos dizem ser fácil, mas que tem poucos especialistas no assunto, em relação à quantidade de profissional existente.

            Colorir o cabelo parece simples, mas essa arte exige muito mais do que misturar tinturas e aplicar nos cabelos. A colorimetria rege as regras da boa coloração: é uma ciência que vai fundo no estudo das cores, analisa sua composição e suas combinações, levando em conta a forma como são vistas. Um bom colorista sabe identificar a cor que está nos fios, o que precisa ser melhorado para que ela ganhe brilho e luz ou quais os recursos necessários, como a decapagem, por exemplo, para se conseguir uma nova tonalidade.
             É certo que muitas mulheres ainda colorem os cabelos em casa, apesar da maioria, por não conseguir o efeito desejado, acabar acertando a cor no salão. É que, com a auto-aplicação fica difícil conseguir acompanhar a tendência atual que é a de cabelos coloridos, com cores variadas, onde vai prevalecer o bom senso e o bom gosto em variar as mesclas de cores, mechas, transparências e técnicas similares, que valorizam o movimento do cabelo. Particularmente, prefiro um cabelo com mais de uma cor, pois esta opção valoriza os trabalhos de corte, escova e penteado, destacando os detalhes e o movimento dos fios.
              A criatividade está em alta, só que hoje ela é redirecionada; nos anos 80, ser colorista criativo era saber misturar as cores na preparação para obter um resultado diferenciado. Hoje, é aplicar na mesma cabeça duas, três ou mais cores, sem deixar a cliente fantasiada, utilizando bom gosto e técnicas variadas (transparência, mechas, balayagens entre outros).
              O efeito da coloração depende, intimamente, do tom em que o cabelo está. É como uma parede que será pintada. Se for branca, o resultado da cor que virá em cima é um. Se for azul, o efeito muda. A operação de identificar a cor que se apresenta é mais difícil do que parece, pois varia conforme a luz ambiente. Também porque, em geral, os fios não se encontram com uma cor uniforme uns em relação aos outros ou a raiz em relação às pontas. Os cabelos naturais normalmente são compostos por uma cor dominante e outras excessivas, que formam reflexos imperceptíveis sob qualquer luz. Um olhar atento é o diferencial na hora de mudar a cor do cabelo. É essa cor que já existe no fio que serve como base para a coloração. Define os tons e matizes que darão um resultado harmonioso, sem a presença de nuances alaranjadas, esverdeadas ou azuladas. 

            Seis tipos de cores determinam o círculo cromático e viabilizam as alterações nas fibras capilares de forma harmônica. Funciona como um gráfico ou uma tabela. Nele, elas estão dispostas de forma que uma determinada nuance tem a sua oposta. Logo: o vermelho é contrário ao verde, enquanto o laranja contrapõe-se ao azul e o amarelo, ao violeta. Vale lembrar que essas posições são estratégicas. Foram reunidas dessa forma porque um tom ameniza ou potencializa o efeito do outro. O círculo cromático também define as nuances e os matizes das colorações. A partir do que já existe no cabelo, escolhe-se o novo tom. A classificação das cores é o que determina sua aplicação.
            O bom colorista é aquele que realmente sabe analisar um cabelo “antes” de iniciar o processo, pois o bom resultado depende do bom estado do fio; lê a bula do produto e prepara a coloração como manda o figurino, sem querer inventar moda de diluir o produto de forma não estabelecida pelo fabricante. Ele também só utiliza produtos profissionais, e demonstra segurança em preparar o produto na frente da cliente, sabendo que ela não encontrará o produto no mercado, farmácia ou na perfumaria e, acima de tudo, não sente vergonha em ligar para um centro técnico e tirar suas dúvidas referente ao trabalho a ser feito ou produto a ser utilizado.
             Além do que já foi citado, ele sabe que no processo de coloração o oxidante é responsável pela liberação de oxigênio e é o motor principal para que tudo funcione perfeitamente, não podendo utilizar os de baixa qualidade e os que não são estabilizados. Preocupa-se com a cor, mas também com o estado de saúde do fio, e por isso só usa colorantes, oxidantes e descolorantes profissionais e que contenham proteínas.
             Ele se especializa em descoloração, pois o profissional que não domina esta técnica não conseguirá clarear os cabelos coloridos a não ser através de mechas. Sabe ser enfático ao indicar uma perfeita linha profissional de manutenção capilar (shampoo, condicionador e leave-in) e hidratações periódicas no salão para manter o resultado do trabalho. É organizado e disciplinado a ponto de ter uma ficha-cadastro de cada cliente, com os diagnósticos, aplicações e produtos utilizados na mesma.

            Estas são algumas das regras dentre muitas. Não é tão complicado como se imagina, mas exige disciplina. Uma dica especial para os amigos profissionais: nunca foi tão bom como agora ser cabeleireiro e, principalmente, especialista em colorimetria capilar. É só ser atualizado, inclusive no que se refere ao comportamento.